terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Currículo

Gerson Américo Sebastião
Brasileiro, solteiro, nascido a 13 de junho de 1988
Natural de Limeira – SP
Rua Gerolano Ometto, 232 – Pq. N. Sra das Dores – II Etapa
Fone: (19) 3033-9143 ou (19) 9247-5295
CEP 13480-970 – Limeira – SP
Email - gerson.americo@hotmail.com
Blog - http://umcenario-pretoebranco.blogspot.com

FORMAÇÃO ESCOLAR
√ Nível Superior Em Jornalismo – ISCA FACULDADES – LIMEIRA – SP (Completo)

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO

√ Programa de Treinamento Projeto “A-Cor-Dar” – Crescer Consultoria e Desenvolvimento Humano – Limeira – SP
√ Prático de Organização Financeira – Econômica Empresa Júnior – Instituto de Economia – UNICAMP – Limeira – SP
√ Qualificação Profissional – CAMPL – Limeira – SP
√ Informática (Nível Usuário) – Microlins – Limeira – SP
√ Montagem e Manutenção de Micros – Microlins – Limeira – SP

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Isca Faculdades PERÍODO: 01/04/11 A 16/12/11
CARGO/FUNÇÃO: Assessoria de Imprensa
√ Prefeitura Municipal de Limeira PERÍODO: 19/01/10 A 01/04/11
CARGO/FUNÇÃO: Assessoria de Imprensa
√ AVAF Instalações Industriais e Com. Ltda PERÍODO: 18/12/08 A 09/11/09
(Serviços prestados na Ajinomoto)
CARGO/FUNÇÃO: Auxiliar de Escritório
√ Medical Medicina Assistencial Cooperativa PERÍODO: 01/02/06 A 31/03/08
CARGO/FUNÇÃO: Auxiliar de Farmácia
√ Medical Medicina Assistencial Cooperativa PERÍODO: 06/12/04 A 31/01/06
CARGO/FUNÇÃO: Assistente Administrativo (Setor Financeiro)
√ Prefeitura Municipal de Limeira PERÍODO: 17/05/04 A 31/10/04
CARGO/FUNÇÃO: Assistente Administrativo

OUTRAS INFORMAÇÕES
√ Toda documentação em ordem e disponibilidade para início imediato
Limeira, dezembro de 2011

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Atrás do balcão do bar

Havia certos dias em que o sol mal surgia e eu já podia ouvir lá fora algumas vozes implorando por álcool. Deitado na cama depois de uma noite regrada a taças e mais taças de vinho, comecei a pensar nas histórias que cercavam aquelas paredes.

E foi, de gole em gole, entre um porre e outro, que o senhor tempo ajudou a montar a fachada do botequim. Logo na entrada, uma placa anunciava a marca de mais uma cerveja, era mais uma em meio a tantas outras espalhadas por aí, atraindo as pessoas pelo vício e o consumo excessivos.

Às vezes, de trago em trago, em meio aquela fumaça toda, alguns só pensavam num lugar onde pudessem se afastar da vida rotineira e cotidiana, das confusões do trabalho e conjugais, aonde a bebida fosse barata, a cerveja fosse gelada e o cliente tivesse sempre razão.

No entanto, nem sempre era assim que funcionava. Uma placa no recinto dizia: “Desculpe, não aceitamos fiado”, mas hoje em dia parece que a charlatanice faz parte da natureza do ser humano. E era no piscar dos olhos que alguns tentavam sair à francesa para não pagarem à conta.

Muitas vezes, quando criança, brincando em volta das mesas, eu me espantava com os bêbados sendo arremessados escada abaixo após serem importunos. Essa mesma escada, de três degraus, era o teste de fogo para aqueles que sempre bebiam um pouco mais além da conta. Os tombos e tropeços, sempre nos garantiram boas risadas.

A violência é algo que assusta, mesmo de longe. O meu medo é de que algum dia eu tenha que me deparar com um revólver na cabeça por causa de algo sujo como o dinheiro. Hoje, as pessoas não se dão conta do quanto uma vida é importante e acabam desrespeitando-a na primeira oportunidade.

Porém, quanto a isso nunca tivemos problemas. A comunidade local respeita o lugar onde mora, mas esse respeito é somente uma forma enrustida de não chamar a atenção para algumas coisas que por ali acontecem.

Discussões sobre futebol, mulheres e cerveja, envolvem todo este universo boêmio. Em época de eleições, até mesmo os debates sobre política são frequentes, e a partir de longas conversas, eu passei a enxergar e compreender outras realidades diferentes da minha.

Mas, ao mesmo tempo em que muitos buscam um refúgio na boemia, parece que para alguns é impossível fugir da própria realidade. De repente, lá estavam as esposas exaltadas para buscar os maridos nos dias em que nem se quer voltavam para casa depois do trabalho.

De vez em quando, o som de alguma viola surgia e as modas sertanistas duravam horas e horas, trazendo lembranças e nostalgias de outros tempos.

As partidas na mesa de sinuca normalmente prendem os olhares dos espectadores e, a cada jogada, se ouve os suspiros de tensão. Olhos aflitos, mãos trêmulas e o suor escorrendo no canto da testa. Ainda mais quando o acordo é que o perdedor pague por todas as fichas.

O orgulho faz parte dos jogadores que não ficam satisfeitos enquanto não ganham pelo menos uma partida. Sempre preferi eliminar as bolas ímpares, talvez superstição, mas na verdade o que faz a diferença é só estar num bom dia e nada mais, isso aprendi com o melhor jogador da mesa.

Nos dias de domingo, o futebol é sagrado para muitos, e nos dias de clássico na TV, o botequim ficava apertado com a freguesia dividindo cada espaço por metro quadrado. Quando os times se consagravam a euforia tomava conta de todos e era a maior festa.

Tudo parece uma peça de teatro, aonde cada um tem um papel diferente na trama. Existem os protagonistas, os atores coadjuvantes e os figurantes, todos atuando involuntariamente seguindo um roteiro que nunca foi escrito por ninguém.

Pelas escadas, sobem os velhos aposentados que trabalharam a vida inteira e não suportam ficar em casa, os jovens que vivem no ócio sem se preocupar com o amanhã, as senhoras querendo refrigerantes, as crianças em busca de doces e salgadinhos, os festeiros levando caixas de cervejas para o churrasco na chácara, a galera do fliperama, o pessoal do baralho, e até mesmo, os verdadeiros alcoólatras que só pedem uma dose para acabarem com a tremedeira.

Do lado de dentro, as prateleiras são repletas com vários tipos de bebidas e certo dia, um moço desdenhou o velho botequim e pediu uma dose de uísque, achando que ali não a fosse encontrar, engano seu: lá estava à garrafa intacta como se fosse um troféu, um presente para um bom bebedor. Depois disso, o rapaz um tanto “sem graça”, ainda confessou que não bebia bebidas alcoólicas, quanta ironia.

As histórias que cercam essas paredes são infinitas e por pouco mais de duas décadas fizeram muitos corações baterem mais forte. Até que um dia o coração do velho, já cansado, simplesmente parou.

O tempo continua seguindo seu destino, inevitável e implacável, as pessoas vêm, vão e ficam, mas no fim acabam sempre encontrando seu caminho.

Um dia, eu sei que também encontrarei o meu, e cumprirei normalmente este ciclo, como mais um ser andante nessa terra. Mas, enquanto esse dia não chega, só me resta lembrar de que toda vez ao retornar para casa, terei de atravessar - atrás do balcão do bar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vida Surrada

Lá fora, as roupas dançavam junto ao vento, balançando no varal. Logo à frente, era possível observar uma cerca rodeada com arames e um portãozinho de madeira. O sol ardia como no calor de um deserto, cheio de miragens e indagações. As folhas das arvores secas estavam no chão daquele quintal pequeno. Frutos? Já não apareciam há muito tempo.

Lá dentro da casinha, as panelas se esquentavam em cima do velho fogão de lenha, e devagar, a madeira ia sendo consumida pelas chamas e brasas. Naquele instante, era feito o pão de cada dia de uma família grande, porém, espremida pela miséria e o trabalho duro na roça.

Quando a enfermidade batia a porta, não podiam contar com muita ajuda, pois o hospital mais próximo ficava longe dali e ainda assim os recursos eram poucos. Muitos padeciam na mocidade. O fogo do lampião iluminava cada canto da palhoça, cada olhar de esperança e aquecia sutilmente os corações gelados em plena seca.

Eram doze filhos no total, cada um com um sonho diferente, mas com algo em comum, sonhavam apenas com uma condição de vida melhor. Nos dias de hoje, a maioria das pessoas nem pensam em ter muitos filhos, mas décadas atrás era um ciclo normal e vicioso.

A falta de estudo empurrava as pessoas degrau abaixo, pois eram exploradas por uma elite repugnante e manipuladora. As famílias exerciam um trabalho árduo sem reconhecimento e o pagamento era a humilhação. Os filhos mais velhos acompanhavam os pais no trabalho pesado, e além de tudo, cuidavam dos irmãos mais novos.

O dia já começava pela madrugada, às quatro da manhã para ser mais exato. O pai e a mãe eram os primeiros a acordar, e pela janela, observavam o céu iluminado com o luar do sertão. O banheiro ficava do lado de fora, aliás, banheiro era o nome que davam para aquela fossa. O almoço era feito naquela hora para ser mastigado frio no almoço.

Enquanto caminhavam de pés descalços no chão de terra vermelha, os pensamentos se misturavam no ar. Para a mãe, era uma judiação submeter os filhos aquele tipo de vida, mas era como se o destino não lhes desse outra chance.

A fome era uma sombra que mudava de forma, mas que sempre os perseguia. O rio, ali perto, aonde as mulheres lavavam as roupas e captavam água, já estava quase seco. No céu, os urubus fitavam os animais que definhavam em meio a fome e a sede.

O trabalho que era desumano se tornava cada vez mais difícil devido ao clima devastador que ameaçava as terras até aonde podia se ver. A ausência da chuva fazia muitos fugirem sem olhar para traz para assim esquecer a miséria indomável.

Ás vezes, de noite, o pai saía lá fora para chorar e esconder dos filhos sua angústia, mas a mãe sempre surgia para nos teus braços se apoiar. Quando se é pai, você sonha em dar uma vida diferente a seu filho - uma que você não teve, pensava ele.

A mãe se desdobrava para fazer o melhor para toda família. Ela tinha o hábito de vigiar os filhos durante a noite. Não era só vigiar, era o cuidado e o carinho por aqueles que um dia fizeram do seu ventre uma morada.

Com o tempo, os dias foram passando e a família foi compreendendo que a solução dos céus nunca chegava, mesmo com tantas noites de oração. Assim, lhes restava à entrega rumo à sobrevivência.

Num certo dia, tomaram coragem e caíram na estrada. De estômago vazio, levaram na mala os poucos pertences e a esperança. Chegando à capital, numa terra revestida de concreto, respiraram o ar da urbanização. Lá, as pessoas caminhavam de um lado para o outro, por todos os cantos sem direção. Pelo olhar e o desprezo, aquela família percebeu que todos sabiam que eles haviam saído dos confins do norte.

Longe de casa e da seca, o retrato do preconceito se tornou o único cartão postal que poderiam enviar para a terra natal. Para eles, tudo naquela terra era imposto e intragável, e pela primeira vez tiveram uma única certeza: qualquer lugar que estivessem sempre viveriam, a vida surrada.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Caminhando na lua

Hoje,
me sinto vivo.
Como há muito tempo não sentia.

As palavras embaralhadas voam no ar e estão legíveis a olho nu. Agora posso decifrá-las claramente e encontrar um sentido para as coisas que já perderam todo o sentido. Como é bom caminhar sobre a lua, que de longe parece ser feita de queijo.
Muitos não imaginam como esse astro tem um papel importante na terra, pois além de influenciar o mar e as estações, ainda sacode as emoções.

Sempre distraído,
eu o observava de longe, distante em pensamentos e me apaixonando a cada olhar. Suas fases têm belezas diferentes e se tornaram fonte de minha inspiração. Principalmente em noites que o reflexo dançava em meio as ondas do mar.

Fui me despedindo da terra, de carona ao vento, e aos poucos saindo fora de órbita. Foi como se por um momento eu fosse purificado e escapasse do mundo das ilusões. Os desejos eram brisas passageiras como chuva de verão, e eu estava estático, não conseguia me mover, pois acima das nuvens tudo é diferente.

Como sempre sonhei, finalmente pude tocar o céu. Descobri que realmente algumas estrelas que observamos da terra não existem mais. No entanto, o brilho de muitas ainda reluz pelo universo e encanta corações há anos luz de distância.

Viajei numa estrela cadente;
e por onde eu passava todos faziam seus pedidos mais profundos.
Conheci novas constelações e acabei encontrando uma em especial, que tinha o desenho do teu rosto e que agora tem o seu nome.

A gravidade me tirava do chão e me arrancava o peso da alma. Na velocidade da luz me aproximei dos planetas e mergulhei no espaço síderal. Fui desviando de cometas e asteróides observando novas galáxias. Cruzei o universo, mas foi num espaço de tempo, que procurei um meio de voltar ao passado, pois só queria ter a chance de organizar as palavras mal ditas e dizer tudo que um dia precisava ser dito.

Senti o oxigênio acabando e a estrela diminuindo a velocidade. Quando percebi, comecei a cair numa queda livre de volta para a Terra. Logo abri meu guarda-chuva e fui pousando lentamente. Agora estou mais vivo do que nunca. Com os pés no chão, mas sempre com a cabeça acima das nuvens, perto da lua.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Longe demais

Em toda minha vida sempre acabei indo longe demais. Escorreguei por entre encanamentos numa jornada sem fim. Enquanto navegava com meu barco sobre poças de água encontrei o esconderijo do amor. Ele estava num beco sem saída, num caminho escuro e estreito, aonde não se podia enxergar quase nada.

Não consigo descrevê-lo, pois ele não tem forma, nem tamanho, nem aparência ou sentido, só é apenas pensamento sem razão.
Talvez eu seja louco em dizer que o conheci. Mas em fim, um dia ele cruzou meu caminho. Sussurrava aos meus ouvidos palavras difíceis de entender com uma voz serena e tranquila.

Asseguro-lhes, que o mistério faz parte de sua magia.
Só pude alcança-lo depois de atravessar abrigos nebulosos.

Durante a aventura travei batalhas com monstros terríveis;
Libertei princesas de castelos,
quebrei encantos,
vivi amores eternos.

Nas noites frias dormia pensando neles;
Só queria repousar num ninho e me aquecer novamente.
Percorri uma estrada que parecia não ter fim e suas curvas me excitavam a correr cada vez mais.

Quando percebi, já estava longe demais.
Me distanciei tanto de mim caminhando por vielas sem direção, que me perdi no tempo. Apenas sinto falta das coisas que já não posso tocar, das coisas que não estão ao alcance de minhas mãos, que não fazem parte do mundo da matéria.

São sentimentos e sensações que se enroscaram no véu do esquecimento.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Minha Insensatez

Olho no espelho e vejo uma pessoa parecida comigo, mas não totalmente, pois seus movimentos são diferentes dos meus.
Enquanto caminho de um lado para o outro, ela segue me imitando com toda a sua calma. Repete tudo que faço ao lado contrário.

Quando me distancio, ela se afasta,
Se me aproximo, ela se aconchega,
Se me distraio não vejo nada.

Forço o olhar apertando meus olhos, e pergunto-me:
Além de se parecer comigo será que ela sente o mesmo que sinto?
Parece-me impossível, pois não ouço sua voz, só enxergo uma figura intima. Os seus gestos são o que vejo entre papeis de parede.

O espelho reflete as imagens do lado de fora,
mas um olhar aflito sai de dentro do mundo de vidro.

Um certo alguém está preso no tempo e no espaço, limitado a movimentos de um mundo abstrato, e só acompanha o perfil de um alguém com vida.

Encaro-me novamente;
e aos poucos o reflexo desaparece, lentamente.
É como um incêndio que vira chama, depois se torna uma pequena fagulha e no fim acaba em cinzas.

Respiro involuntariamente em frente ao espelho;
que fica embaçado,
com o dedo vou escrevendo meus pensamentos insensatos.
Em versos escritos com letras de mão posso ver nitidamente a limpidez em linhas de sentimento.

Finalmente observo meu reflexo no espelho.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Alma

Á noite,
quando o sol se esconde,
minha alma voa longe.
Entre ruas, becos e estradas,

ela segue em frente,
rumo ao horizonte.
Só leva no bolso a solidão.
Vagando entre corredores,

que parecem labirintos,
restam vestígios de um coração.
Sem saber aonde ela vai,
eu me sinto só;
perdido.

Mas no outro dia,
logo quando acordo,
não sinto mais o vazio.
É quando tudo faz sentido,
era somente a escolha,
de um outro novo destino.