Olho no espelho e vejo uma pessoa parecida comigo, mas não totalmente, pois seus movimentos são diferentes dos meus.
Enquanto caminho de um lado para o outro, ela segue me imitando com toda a sua calma. Repete tudo que faço ao lado contrário.
Quando me distancio, ela se afasta,
Se me aproximo, ela se aconchega,
Se me distraio não vejo nada.
Forço o olhar apertando meus olhos, e pergunto-me:
Além de se parecer comigo será que ela sente o mesmo que sinto?
Parece-me impossível, pois não ouço sua voz, só enxergo uma figura intima. Os seus gestos são o que vejo entre papeis de parede.
O espelho reflete as imagens do lado de fora,
mas um olhar aflito sai de dentro do mundo de vidro.
Um certo alguém está preso no tempo e no espaço, limitado a movimentos de um mundo abstrato, e só acompanha o perfil de um alguém com vida.
Encaro-me novamente;
e aos poucos o reflexo desaparece, lentamente.
É como um incêndio que vira chama, depois se torna uma pequena fagulha e no fim acaba em cinzas.
Respiro involuntariamente em frente ao espelho;
que fica embaçado,
com o dedo vou escrevendo meus pensamentos insensatos.
Em versos escritos com letras de mão posso ver nitidamente a limpidez em linhas de sentimento.
Finalmente observo meu reflexo no espelho.
A vida de algumas pessoas são um verdadeiro cenário em preto e branco. Na maioria das vezes fujo disso e as cores se misturam deixando minha existência com outra tonalidade. Porém, meus dias mais coloridos começam nos sonhos e terminam no mundo real. São aqueles que acompanham o ritmo do planeta e os ventos da natureza. É quando vejo ela, e sinto o perfume das flores, ou ouço o barulho do mar. São dias em que as madrugadas se estendem e o sono adormece.
Que orgulho de te conhecer Gelso!
ResponderExcluirGostei muito! ;D