sexta-feira, 16 de abril de 2010

Minha Insensatez

Olho no espelho e vejo uma pessoa parecida comigo, mas não totalmente, pois seus movimentos são diferentes dos meus.
Enquanto caminho de um lado para o outro, ela segue me imitando com toda a sua calma. Repete tudo que faço ao lado contrário.

Quando me distancio, ela se afasta,
Se me aproximo, ela se aconchega,
Se me distraio não vejo nada.

Forço o olhar apertando meus olhos, e pergunto-me:
Além de se parecer comigo será que ela sente o mesmo que sinto?
Parece-me impossível, pois não ouço sua voz, só enxergo uma figura intima. Os seus gestos são o que vejo entre papeis de parede.

O espelho reflete as imagens do lado de fora,
mas um olhar aflito sai de dentro do mundo de vidro.

Um certo alguém está preso no tempo e no espaço, limitado a movimentos de um mundo abstrato, e só acompanha o perfil de um alguém com vida.

Encaro-me novamente;
e aos poucos o reflexo desaparece, lentamente.
É como um incêndio que vira chama, depois se torna uma pequena fagulha e no fim acaba em cinzas.

Respiro involuntariamente em frente ao espelho;
que fica embaçado,
com o dedo vou escrevendo meus pensamentos insensatos.
Em versos escritos com letras de mão posso ver nitidamente a limpidez em linhas de sentimento.

Finalmente observo meu reflexo no espelho.

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